sábado, 15 de outubro de 2011

O PESCADOR

"A figura do velho pescador é um corpo talhado na situação. O vento, o mar, as tempestades, a fome, a morte, triunfos e derrotas, alegrias e sofrimentos: todas essas situações formam os anéis inexoráveis da faticidade que o pressionam, o compenetram de todos os lados. A resistência e a luta que o pescador oferece ao cerco da situação o faz afundar cada vez mais na realidade situacional do seu destino. Quer resigne, quer triunfe, quer sucumba na luta, está implacavelmente inserido, sim, cravado na sua situação. Mas esse processo, que forja a estória da sua vida, vai aos poucos articulando as contradições e as vicissitudes, as durezas da sua situação numa totalidade compacta, coesa e coerente, fazendo surgir o corpo encarquilhado do velho pescador, qual cristalização do mistério do mar, transparente e luminosa na sua profundidade cósmica." (E. Hemingway Harada)

O velho pescador, apaixonado pelo infinito que vem do mar, pelas aventuras e emoções que há de viver nesse horizonte incerto, que traz vitórias e derrotas, mesmo assim, ele não abandona o mar, lá é sua casa e sua vida. Dele retira seu sustento e de sua família, uma existência digna, a escolha de uma vida simples e humilde, mas que lhe dá uma imensa felicidade que em nenhum outro lugar lhe é proporcionada.

Uma visão cósmica do azul, do luar, do mistério, um horizonte de emoções. O brilho das estrelas, o uivar dos ventos, a mansidão e o agito das águas, a força da maré e das correntes. A pesca que se esconde, mas diante de tudo isso, existe um alegre contador de histórias, que já viveu e reviveu tudo isso, viu coisas inimagináveis e sempre tem alguém para escutá-lo e querendo saber de suas histórias. E entre esse misto de finito e infinito vive o velho pescador e sua paixão pelo mar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário