domingo, 22 de fevereiro de 2015

A MUDANÇA DE TRAJES



(Fernando Pessoa – Fernando António Nogueira Pessoa)

Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.” (Fernando Pessoa – Fernando António Nogueira Pessoa)

Os trajes vão se adaptando aos nossos corpos, vão demonstrando nossas características e hábitos, e quando não abandonamos ou mudamos eles, os mesmos envelhecem e se mantêm condicionando nossos corpos às suas formas adquiridas ao longo do tempo.

Muitos caminhos existem, alguns conhecidos e outros desconhecidos, uns fáceis e outros difíceis, uns curtos e outros longos, porém, muitos deles levam aos mesmos lugares que retardam nossa vida ou a deixam de modo estático, já outros, levam a lugares conhecidos ou desconhecidos que melhoram a nossa vida e engrandecem a nossa alma.

Ao longo do tempo vamos adquirindo conhecimentos, eles nos mostram a verdade, mas, temos o livre arbítrio de aceitarmos a verdade ou continuarmos vivendo no erro e na ilusão, é necessário fazer uma travessia e mudar nossos paradigmas para podermos alcançar nossos objetivos que vivem ocultos em nossas almas e são expressados quando temos vontade.

É necessário ter coragem para realizar a travessia, pois, existem muitos obstáculos e desestímulos durante o caminho, momentos de medo e aflição que tentam nos desestruturar, nos abalar e fazer com que desistamos de conhecer a Verdade Absoluta e chegar a outra margem onde teremos uma vida melhor, por isso, é necessário ter fé, pois, o Senhor está conosco.

Se ficarmos no velho modo de vida, não alcançamos a auto-realização, não transcendemos do mundo material, ficamos a mercê da ilusão de maya e vivendo de acordo com os modos da natureza material, pois, eles vivem influenciando nossas vidas, ficam no controle enquanto ficamos enganados achando que estamos a reinar.

Quando abandonamos os velhos trajes e passamos a cobrirmos de acordo com nossas almas, vivemos com mais razão, retidão, bondade, piedade e compaixão, passamos a respeitar ainda mais o próximo, a compreender a dignidade da vida, a viver com paz e amor, sem matar e violar direitos individuais e coletivos, passamos a proteger e a defender a vida e o meio ambiente que pertence a todos nós.

Com a quebra dos velhos paradigmas, iniciamos um novo modo de vida, olhamos o mundo com menos diferenças e promovemos a paz, o amor, a igualdade, o respeito, aumentamos nossa capacidade de discernir, vivemos de forma cada vez mais consciente e descobrimos que os direitos que estão nos costumes e ordenamentos jurídicos, há muito tempo já existiam nas Sagradas Escrituras, apenas foram renomeados, regulados e colocados em prática.

O que já estava ao nosso alcance passa a ser visto, pois, sempre existiu e nossa cegueira espiritual não nos deixava observar, sentir, saborear e praticar o que sempre desejávamos, mas não conseguíamos encontrar, pois, faltava conhecimento, coragem e fé, escolhíamos os caminhos errados que nos desviavam para o mesmo lugar e evitavam nosso progresso.

Temos o livre arbítrio de continuar e viver na emoção, no desejo, na ilusão de um reinado, de querer que o mundo seja e esteja de acordo com nossos conceitos e vontades, ou, mudarmos para uma vida melhor, de paz e amor, de respeito, de fé e seguindo os caminhos do Senhor, descobrindo toda a verdade que ele quer nos revelar para entender cada vez mais a diferença entre a verdade e a ilusão da vida no mundo material e dos trajes que vamos acrescentando a nossa vida e aos nossos corpos.