segunda-feira, 8 de abril de 2013

O HUMOR E A SERIEDADE



André Comte-Sponville


“Se “a seriedade designa a situação intermediária de um homem equidistante entre desespero e futilidade”, como diz lindamente Jankélévitch, devemos observar que o humor, ao contrário, opta resolutamente pelos dois extremos. “Polidez do desespero”, dizia Vian, e a futilidade pode fazer parte dela. É impolido dar-se ares de importância. É ridículo levar-se a sério. Não ter humor é não ter humildade, é não ter lucidez, é não ter leveza, é ser demasiado cheio de si, é estar demasiado enganado acerca de si, é ser demasiado severo ou demasiado agressivo, é quase sempre carecer, com isso, de generosidade, de doçura, de misericórdia... O excesso de seriedade, mesmo na virtude, tem algo de suspeito e de inquietante: deve haver alguma ilusão ou algum fanatismo nisso... É virtude que se acredita e que, por isso, carece de virtude.” (André Comte-Sponville)

A seriedade constante vai aniquilando o humor humano, a seriedade leva o homem ao desespero e a desprezar as situações que passa a tratar com futilidade, pois, falta o humor para manter o equilíbrio, sendo assim, o homem parte para os extremos.

A polidez somada à futilidade ocasiona humildade e simplicidade, logo, o homem tem humor para as coisas simples da vida e afasta a vaidade da importância vazia e da seriedade.

A seriedade desesperadora acaba expondo o homem ao ridículo, dominado pela arrogância, pelo egoísmo e pela falta de humildade, uma ilusão que engana o homem.

O humor tempera a vida humana, leva o homem a sorrir e a sonhar, faz com que ele enxergue a realidade e enfrente obstáculos sem se desesperar. O humor protege o homem da seriedade e mostra a ele uma forma divertida de viver.

A seriedade aparenta blindar o homem, que se engana ao achar que possui uma armadura resistente para viver, mas acaba caindo no desespero quando descobre sua fragilidade.

O humor encoraja o homem, faz com que ele diga a verdade, não ter medo de agir e de pensar de forma consciente, de viver de forma simples e humilde.

O humor é uma virtude que depende de outras virtudes e que aproxima o homem das demais virtudes, já a seriedade, possui uma grande carência de virtudes e quanto maior ela sejam mais ela afastará o homem das virtudes.


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