(Fernando
Pessoa – Fernando António Nogueira Pessoa)
“Há
um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a
forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam
sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não
ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós
mesmos.” (Fernando Pessoa – Fernando António Nogueira Pessoa)
Os trajes vão se adaptando aos nossos corpos,
vão demonstrando nossas características e hábitos, e quando não
abandonamos ou mudamos eles, os mesmos envelhecem e se mantêm
condicionando nossos corpos às suas formas adquiridas ao longo do
tempo.
Muitos caminhos existem, alguns conhecidos e
outros desconhecidos, uns fáceis e outros difíceis, uns curtos e
outros longos, porém, muitos deles levam aos mesmos lugares que
retardam nossa vida ou a deixam de modo estático, já outros, levam
a lugares conhecidos ou desconhecidos que melhoram a nossa vida e
engrandecem a nossa alma.
Ao longo do tempo vamos adquirindo conhecimentos, eles nos mostram a
verdade, mas, temos o livre arbítrio de aceitarmos a verdade ou
continuarmos vivendo no erro e na ilusão, é necessário fazer uma
travessia e mudar nossos paradigmas para podermos alcançar nossos
objetivos que vivem ocultos em nossas almas e são expressados quando
temos vontade.
É necessário ter coragem para realizar a travessia, pois, existem
muitos obstáculos e desestímulos durante o caminho, momentos de medo
e aflição que tentam nos desestruturar, nos abalar e fazer com que
desistamos de conhecer a Verdade Absoluta e chegar a outra margem
onde teremos uma vida melhor, por isso, é necessário ter fé, pois,
o Senhor está conosco.
Se ficarmos no velho modo de vida, não alcançamos a
auto-realização, não transcendemos do mundo material, ficamos a
mercê da ilusão de maya e vivendo de acordo com os modos da natureza
material, pois, eles vivem influenciando nossas vidas, ficam no
controle enquanto ficamos enganados achando que estamos a reinar.
Quando abandonamos os velhos trajes e passamos a cobrirmos de acordo
com nossas almas, vivemos com mais razão, retidão, bondade, piedade
e compaixão, passamos a respeitar ainda mais o próximo, a
compreender a dignidade da vida, a viver com paz e amor, sem matar e
violar direitos individuais e coletivos, passamos a proteger e a
defender a vida e o meio ambiente que pertence a todos nós.
Com a quebra dos velhos paradigmas, iniciamos um novo modo de vida,
olhamos o mundo com menos diferenças e promovemos a paz, o amor, a
igualdade, o respeito, aumentamos nossa capacidade de discernir,
vivemos de forma cada vez mais consciente e descobrimos que os
direitos que estão nos costumes e ordenamentos jurídicos, há muito
tempo já existiam nas Sagradas Escrituras, apenas foram renomeados,
regulados e colocados em prática.
O que já estava ao nosso alcance passa a ser visto, pois, sempre
existiu e nossa cegueira espiritual não nos deixava observar,
sentir, saborear e praticar o que sempre desejávamos, mas não
conseguíamos encontrar, pois, faltava conhecimento, coragem e fé,
escolhíamos os caminhos errados que nos desviavam para o mesmo lugar
e evitavam nosso progresso.
Temos o livre arbítrio de continuar e viver na emoção, no desejo,
na ilusão de um reinado, de querer que o mundo seja e esteja de
acordo com nossos conceitos e vontades, ou, mudarmos para uma vida
melhor, de paz e amor, de respeito, de fé e seguindo os caminhos do
Senhor, descobrindo toda a verdade que ele quer nos revelar para
entender cada vez mais a diferença entre a verdade e a ilusão da
vida no mundo material e dos trajes que vamos acrescentando a nossa
vida e aos nossos corpos.